Horror indígena
- Camila Peres
- 1 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Horror indígena onde não sabemos o que de fato está acontecendo? Temos!
“Temporada de Caça”, de Stephen Graham Jones, é um livro que nos faz pensar muito sobre o que é real e o que é imaginado pelos personagens.
Nessa obra somos apresentados a quatro homens indígenas da nação Blackfeet, no estado de Montana, que no último dia da tradicional temporada de caça tomam uma má decisão. Caçar na reserva era proibido e um desrespeito, ainda assim o fizeram sem imaginar as consequências que essa caçada poderia lhes trazer. Dez anos depois, uma criatura com cabeça de servo começa a assombrar Lewis, um desses homens e sua vida vai ser revirada de pernas para o ar por esse espírito vingativo.

Este não é um livro fácil, nem de ser lido nem de ser compreendido em sua totalidade, mas é o tipo de leitura que nos faz pensar e refletir sobre a racismo, ancestralidade, traumas, realidade, sobre culpa, loucura, traição, tradição.
A obra é uma grande metáfora sobre o impacto que tantas questões causaram na vivência da comunidade indígena.
Foi o primeiro livro que li com essa representatividade de povos nativos e confesso que esperava mais culturalmente falando. Queria saber mais sobre a nação Blackfeet e seus costumes, mas infelizmente isso não faz parte do foco narrativo do autor e sim a questão racial e como ela engloba uma série de questões.

No que se refere ao horror, a obra tem uma tensão crescente em sua narrativa com algumas cenas gráficas, mas muito bem elaboradas e feitas para fazer o leitor compreender a profundidade dos danos e dos sentimentos que afetam os personagens, que são complexos e tão densos em camadas que vão se revelando a cada capítulo.
Difícil, reflexivo e denso, “Temporada de Caça” é um livro que não só merece ser lido, mas precisa ser relido.
Comentarios