Magia e veneno em dose dupla

"Uma Magia Destilada em Veneno"

Ning foi criada para seguir os passos do pai e se tornar uma médica, quando na verdade seu sonho era seguir os passos da mãe e virar uma mestre Shénnóng. Ning vê na tragédia da morte de sua mãe e na grave doença de sua irmã a oportunidade de realizar seu sonho e quem sabe conseguir um antidoto para curar a irmã. Ela parte então para a capital para participar da competição que elegerá o próximo Shénnong do Império Dáx. O que ela não esperava era se ver enredada em uma série de intrigas palacianas perigosas que podem conquistar a ela muito mais do que uma colocação na competição. 

Sigo viciada nos doramas e o vício, óbvio, se estendeu aos livros. “Uma magia destilada em Veneno” foi uma das que mais me chamou atenção pela premissa envolvendo a magia dos chás e pela capa. Ela passa uma ideia de delicadeza com um toque mágico/etéreo que me encantou logo de cara e já adianto que a leitura foi tudo que eu esperava. 

Ning é uma personagem forte que não sofre de um orgulho extremo. Suas inseguranças se afloram e vemos a isolada garota do anterior cometer deslizes na corte que a colocam em uma perigosa posição de evidencia. Sem comentar seu óbvio talento para a arte da magia dos chás, que lhe é inerente e intensa. 

A narrativa traz diversas reviravoltas, sem cair nos clichês habituais das fantasias jovens e mesmo depois de um volume inteiro ainda há tantas duvidas e incertezas sobre o que irá acontecer e sobre a quem os personagens são fiéis que é impossível termina-lo sem querer imediatamente ler a continuação. 

Judy I Lin tem uma escrita leve e cativante, poética em alguns momentos e dose perfeitamente as descrições para criar belas ambientações. Traz na obra um glossário sobre as ervas de chá e ainda nos ensina como pronunciar os nomes, o que é um ótimo diferencial, assim como o leve romance que acontece e que é construído de forma doce, bem condizente com as experiências de Ning. 

Dando sequencia à leitura, embarquei em "Um Veneno Doce e Sombrio" encerra a duologia "Os Livros do Chá" de Judy I Lin.

Nessa sequência acompanhamos Ning após ela deixar a capital para tentar buscar uma forma de deter o mal que vem contaminando o Império Dàxi.

A escrita de Judy continua envolvente e os personagens continuam tão interessantes e cativantes quanto no primeiro volume. É impossível começar essa leitura não sentindo avidez por respostas e na expectativa de grandes aventuras regadas de momentos de reflexão.

Sim, o livro traz as reflexões que o leitor espera após ter lido o primeiro volume, mas a autora pega em apressar as coisas. Senti que essa obra na verdade deveria ter sido explorada em uma trilogia e ganhado aquele segundo volume que dá profundidade e amadurecimento aos personagens, ou seja, o livro de transição.

Nesse livro, que deveríamos sofrer com a busca, esta acaba sendo bem rápida e em muitos momentos facilitada por conveniências óbvias para que o livro foque no desfecho. 

Achei uma pena uma história tão interessante e bem construída ganhar um segundo volume com uma proposta muito grande e executada em uma extensão aquém do que merecia, mas ainda assim a leitura não é ruim e o desfecho é satisfatório. (Apesar de eu sentir uma revolta por ter sido tudo tão corrido e uma história com tanto potencial ter tido esse segundo volume).

Recomendo a leitura para quem gosta de fantasias, quem curte romances sutis e principalmente para quem está na busca de fantasias com influencias asiáticas e sistemas mágicos diferentes.

Quero só ver o que a Dona Judy vai aprontar em seus próximos livros e estou na torcida para que eles sejam publicados aqui.